Canoa de Voga ” Caridade ” – Transportando Pipas de Aguardente
A população sebastianense, até a década de 30, se utilizou principalmente da via marítima como meio de transporte, tanto de mercadorias como de pessoas. O transporte através de canoas é uma tradição no município, herança da cultura indígena, que foi sendo aprimorada com a chegada dos portugueses no século XVI. Elas foram aos poucos sofrendo modificações de acordo com a necessidade dos caiçaras. No início eram simples, utilizavam-se apenas do remo, mais tarde, devido a crise econômica pela qual passava São Sebastião, a população passou a viver principalmente da pesca artesanal e do transporte de mercadorias para Santos, de onde traziam o querosene. Surgiram então as canoas de voga, largas, compridas, talhadas em um só tronco, movidas à vela.
Após a construção e funcionamento do porto nas décadas de 30/40, o transporte foi sendo aperfeiçoado, com a utilização de barcos à vapor. Paralelamente ao transporte feito por mar, haviam as trilhas, também utilizadas pelos índios para caça, pesca e conquista de território. Entre as mais utilizadas estavam a do Rio Grande e do Ribeirão do Itu, em Boiçucanga. A partir do século XVII, as antigas trilhas indígenas foram ocupadas por tropas, permitindo a circulação de mercadorias. A descoberta das minas de ouro em Minas Gerais, incrementaram a utilização destas trilhas que, segundo a tradição oral, também serviam para contrabando e fuga de escravos. Enquanto a trilha do Rio Grande foi mais utilizada pelas tropas, a trilha do Ribeirão do Itu foi sempre utilizada pela comunidade local basicamente para as peregrinações religiosas até o santuário de Aparecida. Uma outra trilha usada na época, hoje conhecida como estrada do Rio Pardo, é a antiga “Estrada Dória”, aberta no ano de 1832 por Padre Manuel Faria Dória. Ela ligava São Sebastião à freguesia de São José do Paraitinga ( Salesópolis ) e foi fechada em 1842 devido a divergências políticas.
Vários projetos visando a construção de um ramal da Estrada de Ferro Central do Brasil em São Sebastião não saíram do papel. Em 1892 os governos federal e estadual outorgaram concessão à Cia. Paulista de Vias Férreas e Fluviais para a construção de uma estrada de ferro entre São Sebastião e Minas Gerais, passando por Jundiaí. Em 1896, o Estado fez estudos sobre linhas férreas entre São Sebastião e São Bento do Sapucaí, desta vez passando por São José dos Campos ou Taubaté. Já no início deste século, outros projetos contemplavam uma linha até Mogi das Cruzes, com destino a Jundiaí e Campinas.
Com todas essas dificuldades as cidades litorâneas ressentiram-se com a falta de estradas. Enquanto a produção aumentava, as vilas da região continuavam apenas como fornecedoras de matéria-prima para a exportação. Outro obstáculo para o desenvolvimento da região foi a decisão política de que todo transporte deveria ser efetuado pelo porto de Santos. Mas a partir de 1929, por iniciativa do Dr. Manoel Hyppólito do Rêgo que, através de um Projeto na Assembléia Legislativa do Estado, conseguiu iniciar uma nova discussão visando a implantação de um sistema viário para a região. A partir de 1932 com o empenho do Coronel Edgard Armond, da Força Pública do Estado de São Paulo, iniciou-se junto à cachoeira do Rio Negro, distante de Paraibuna 35 Km, a construção da estrada que ligaria Caraguatatuba à Paraibuna, o que facilitou o escoamento rápido dos produtos da região.
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